Manchineri

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Na Trilha dos Isolados

Expedição depende da mata para sobreviver

Necessidade de caça é regrada pela necessidade dos índios membros da expedição de se alimentar

Roberto Almeida, enviado especial

JUTAÍ (AM) -

Sem a possibilidade de levar alimentação por longos períodos na mata, a expedição da Frente Etnoambiental Vale do Javari é obrigada a caçar para sobreviver. Nos moldes de subsistência a caça é permitida e alimenta os 11 membros da equipe nas caminhadas.

Os índios da expedição - são ao todo cinco, das etnias matis, kanamari e marubo - acreditam que o macaco-aranha e o macaco-barrigudo têm a melhor carne para comer. Dura e com sabor forte, no entanto, ela não é a preferida entre os não-índios.


Integrante da expedição prepara macaco caçado para subsistência do grupo. Foto: JF Diório/AE








Nas duas entradas na selva em busca de vestígios dos índios isolados, com o objetivo de protegê-los do avanço de madeireiros e garimpeiros, a Frente de Proteção alimentou-se basicamente de peixes, aves, arroz e farinha de mandioca.

Por vezes, a pesca não foi suficiente e mutuns, jacus e inambús, três espécies comuns no sudoeste do Amazonas, serviram como base para a sobrevivência. Só em ocasiões atípicas, em dia de caminhada forte e pouca vida na floresta, foram abatidos macacos, jabutis, pacas e uma anta.

A necessidade de caça é regrada, basicamente, pela necessidade dos índios membros da expedição de se alimentar. Eles não têm o hábito de comer rações, como as servidas pelo Exército, o que comprometeria a expedição.

Os índios trabalham como mateiros e têm um olhar apurado sobre a floresta. Foi um deles, Wilson Kanamari, que encontrou o primeiro vestígio dos isolados, que passaria despercebido para alguém até com boa experiência de mata.

O vestígio encontrado por Wilson era uma quebrada, ou pequena árvore dobrada com a mão por um índio de passagem nas cabeceiras do rio Boia, onde a selva ainda é densa e virgem.

Os índios servem também como intérpretes caso houvesse um encontro direto, não previsto, com os isolados. Matis, marubos e kanamaris falam as três principais línguas do Vale do Javari, o que facilitaria a comunicação e preveniria um possível ataque.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Índio Hoje

O ÍNDIO HOJE

Hoje, no Brasil, vivem cerca de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população brasileira. Cabe esclarecer que este dado populacional considera tão-somente aqueles indígenas que vivem em aldeias, havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também 63 referências de índios ainda não-contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista.

Acesse: www.funai.gov.br

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

FUNAI - FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO

A Fundação Nacional do Índio tem como obejtivo , exercer, em nome da União a proteção do Índio.
Dúvidas acesse:
www.funai.gov.br

Katukinas relatam presença de isolados no rio Biá

NA TRILHA DOS ISOLADOS

CARAUARI (AM) - Após colher relatos consistentes de índios katukinas da Terra Indígena Rio Biá, no sudoeste do Amazonas, a expedição da Frente Etnoambiental Vale do Javari, realizada pela Funai em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista, decidiu realizar uma nova entrada na selva a partir desta terça-feira (19). Os katukinas afirmam que tiveram contato com um grupo isolado desconhecido, descreveram sua fisionomia e o local onde caçam.
www.estadao.com.br/noticias/nacional,katukinas-relatam-presenca-de-isolados-no-rio-bia,497651,0.htm

Educação e Ensino Superior - Inclusão, Oportunidade e Cultura

De 1997 a 2005, o número de estudantes indígenas cresceu 20 vezes. De 100 saltou para dois mil alunos, de acordo com a Coordenação Geral de Educação (CGE/Funai). Os números não são precisos, mas a dimensão aproximada já dá uma idéia. Essa inclusão acelerada esbarrou na falta de preparo das instituições responsáveis pela educação dos índios. Aproximadamente 60% desses alunos são levados a deixar de lado os estudos por falta de apoio. Normalmente, eles precisam de habitação, alimentação, transporte e ajuda para a aquisição de material escolar – necessidades mais freqüentes dos alunos que vivem em terras indígenas distantes dos centros urbanos. (FUNAI - Revista Brasil Indígena, 2006, ano III nº2, pg. 42)

Nesses "500 anos" de correrias, massacres, discriminação e lutas fizeram com que os indígenas buscassem os estudos ocidentais. Este tipo de conhecimento era necessário para a inclusão e para que suas vozes de revindicação fossem ouvidas.

Expressar era necessário. A marginalização da sociedade em relação aos povos destruiu grande parte da cultura. Os estudos eram a saída. A adaptação ao conhecimento do branco.

Os moldes tradicionais de ensino, porém, não são adequados para a educação escolar indígena. Uma vez que o trabalho indígena não rende capital, rende subsídio. Seu costume não é urbano , é do homem da floresta. Sua maneira de comunicar não é a mesma. É necessário uma adaptação educacional, onde o aprendizado seja voltado à sua cultura. O modelo que atualmente está sendo utilizado é o estudo diferenciado, onde se aprende com a natureza e preserva os conhecimentos culturais.

A formação de professores indígenas, que proporciona o ensino nas escolas de dentro das aldeias e que a interpretação também é indígena, se mostra com bons resultados. As pesquisas são feitas dentro da própria comunidade, resgatam histórias, lingua, costumes e tradição.

O ensino superior, de formação dos professores indígenas, está muito mais complicado. As instituições são distantes, as necessidades são diferentes, a adaptação é difícil. Porém o crescimento dos alunos é grande, a força de vontade de conhecer e instruir seu povo é maior. Na liderança do ranking está o curso de Licensiatura indígena, a formação dos educadores.

O povo Manchineri, de Assis Brasil - Acre, Terra Indígena Mamoadate - está dentro do programa de estudo diferenciado. Jaime
Lhulhu Sebastião Prishico Manchineri, professor indígena, formado pela Comissão Pró-Índio do Acre e pela UNEMAT - Universidade Estadual do Mato Grosso - Projeto 3º Grau indígena - Ciências da Matemática e da Natureza, diz: "Proporcionar o conhecimento indígena e o conhecimento ocidental nos trás melhorias. O conhecimento tradicional surge como fonte de aprendizado, todos da comunidade aprendem coisas do dia-a-dia na aldeia: medicina, caçar, pescar, nossas histórias e costumes. O conhecimento ocidental é sobre as tecnologias, o mundo do homem branco, que também é importante. Hoje convivemos com esses dois mundos, temos que aprender sobre eles."

O sistema diferenciado trouxe melhorias, explica Jaime. Porém, "
Precisamos focar os professores indígenas. É necessário a base da alfabetização, onde tudo começa. O estudo incial ainda está fraco, os professores indígenas ensinam os futuros professores indígenas, por isso precisam de mais qualificação."

Povos do Acre - Biblioteca da Floresta

A Biblioteca da Floresta Ministra Marina Silva disponibiliza, no Espaço Povos da Floresta, no segundo piso, exposição dedicada às nações indígenas acreanas.
O visitante tem contato com um conjunto de painéis, composto por texto e fotografias das desesseis etnias indígenas conhecidas no Acre: Ashaninka, Jaminawa Arara, Katukina, Poyanawa, Madija, Manchineri, Apolima Arara, Jaminawa, Kaxinawá, Nawa, Nukini, Yawanawá, Apolima, Kaxarari, Shanenawa e Arara. Os painéis traçam um resumo dos tempos da história indígena e descrevem, brevemente, aspectos relacionados à origem, grupo lingüístico, cultura material, produção e localização geográfica. Uma exposição de peças indígenas apresenta a indumentária, artesanato e utilitários representativos das etnias indígenas do Acre. A seleção e exposição das peças mostram a forma de produção material feita pelos índios acreanos demonstrando sua diversidade cultural, através de seus fazeres. É importante destacar que a Biblioteca dispõe de um acervo que trata do tema, composto por revistas e publicações diversas, além de vídeos e CDs musicais. Esse acervo, que está sendo iniciado, será ampliado para que os visitantes tenham a oportunidade de aprofundar os conhecimentos sobre as nações indígenas acreanas.

Importância e Valor do Índio - Preservar e Resgatar

Antes de tudo, eles são os verdadeiros brasileiros. Estavam aqui muito antes da chegada dos Europeus. Segundo registro da Funai – texto: “A Origem dos Povos Americanos”:
No Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Mas novas evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí que comprovariam ser mais antiga esta ocupação, com o que muitos arqueólogos não concordam. Assim, há uma tendência cada vez maior de os pesquisadores reverem essas datas, já que pesquisas recentes vêm indicando datações muito mais antigas. (FUNAI)

Desde a chegada dos estrangeiros as terras do continente Sul Americano, ou seja, os conquistadores, os nativos brasileiros vêm sofrendo massacres, escravidão, repressão e discriminação. Seus direitos pela terra que habitavam foi tomado a forças e armas. Invadiram sua casa, roubaram o que tinham, mataram. Esta casa que hoje se chama Brasil já era habitada e tinha donos. O medo e a falta de opção fizeram com que adentrassem cada vez mais o continente, dificultando as investidas dos europeus.

Mesmo com tantas adversidades os povos Ameríndios ainda tentam guardar seus conhecimentos, suas tradições, seus costumes, o verdadeiro espírito do homem nativo. No Brasil encontramos uma das maiores diversidades étnicas já encontradas, e aqui está um valor cultural que não pode morrer.

Após o contato com o homem branco, os indígenas sofreram certas modificações em sua estrutura tradicional, que dificultou o processo normal de manter a cultura. O desconhecimento acerca desses povos fortificou o sentimento de discriminação, ou seja, fez com que a atenção não fosse voltada para o que estava sendo perdido.

A socialização destes povos gerou a necessidade de integrá-los aos sistemas sociais, econômicos e políticos. Por sua vez, não é o molde ocidental de integração que resultará numa boa inter-relação entre esses dois mundos. A integração deve ser em aspectos diferenciados, deve-se respeitar suas tradições, onde um posicionamento mantenha suas especificidades culturais face às exigências do desenvolvimento.

Segundo o IEPÉ – Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena, na publicação – “Patrimônio Cultural Imaterial e Povos Indígenas” – (2006, pg. 58),
É por este motivo que se costuma afirmar que os povos indígenas lutam “a favor” e “contra” o desenvolvimento. A favor, quando reivindicam acesso aos serviços básicos de educação e saúde. Contra, quando reivindicam garantias territoriais e procuram explicitar e defender suas diferenças culturais. Mas é também internamente a suas comunidades que ocorrem tensões decorrentes da discriminação a que são submetidos.

Hoje já existem modelos que preservam as ligações culturais, os modos de ensino, na questão da educação, por exemplo, estão sendo moldados de acordo com ações que valorizam os saberes e as práticas tradicionais dos povos. Devendo assim, criar um espaço de interação, resgate e apoio entre as culturas.

A preservação destas culturas são a única fonte de continuidade que se pode ter, pois muito de suas bases já foram perdidas ao longo do tempo. Permitir com que essa diversidade cultural permaneça trará benefícios a todos nós. De acordo com o IEPÉ (2006, pág. 72),
A salvaguarda das tradições orais indígenas, assim como das práticas que lhes são associadas, é um campo novo para as políticas públicas, especialmente no Brasil. Em algumas comunidades indígenas, estão sendo testadas estratégias que programas supranacionais e órgãos nacionais procuram aprimorar com a colaboração de universidades e de organização não governamentais, formando um painel ainda frágil de experimentos muito diversos e, às vezes, contraditórios.

Assim, é notório que precisamos fortificar os laços de preservação. Não podemos simplesmente adotar medidas e procedimentos de conservação iguais para o material e o imaterial. Cuja imaterialidade está em conhecimentos e manifestações culturais, onde o valor reside justamente na capacidade de transformar os saberes e os modos de fazer.

A UNESCO define como a melhor maneira a “salvaguarda”, que consiste em assegurar a viabilidade e a durabilidade do patrimônio cultural imaterial, incluindo sua identificação, documentação, investigação, preservação, além de sua proteção, promoção, valorização, transmissão - e que se dê através do ensino formal e não formal – e a revitalização deste patrimônio em seus diferentes aspectos.