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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Kuntanawa do Alto Rio Tejo

Kuntanawa

Kuntanawa do Alto Rio Tejo

Da Redação

Os Kuntanawa são um povo indígena com uma dura história de perseguição durante a instalação dos seringais no Acre, tendo grande parte da sua gente exterminada. Junto com essas pessoas foram também alguns segredos que se passava de pai para filho e demais tradições culturais.

Esse povo vive às margens do alto rio Tejo, no interior da Reserva Extrativista (Resex) do Alto Juruá, localizada no extremo oeste do estado do Acre, no município de Marechal Thaumaturgo. Estão progressivamente aglutinando-se em aldeias, sendo a principal delas conhecida como Sete Estrelas.

Com a sua cultura fragmentada, os Kuntanawa buscam agora resgatar tudo o que foi perdido. Não aceitam mais ser discriminados como os “caboclos dos Milton”, nome dado em referência ao seu patriarca (Milton Gomes da Conceição). Eles querem ser reconhecidos pela sua origem. Ser índio. Ter o direito a amar e a cuidar da natureza.

A grande luta desse povo ultimamente tem sido conseguir uma área indígena dentro da Reserva Extrativista do Alto Juruá. O cacique Kuntanawa, Seu Milton Gomes da Conceição, 73 anos, diz: “Estamos querendo ajudar o próprio IBAMA a tomar conta direitinho da Reserva”. Ele conta ainda o que já enfrentaram: “No começo o pessoal do IBAMA estava cismado com a nossa luta pelo reconhecimento de uma terra indígena dentro da Reserva”.

Kuntanawas de todas as gerações estão reunidos em defesa da criação de sua Terra Indígena. O ano de 2008 foi prova da sua ação, alguns deles participaram da Oficina de cartografia do PNCSA realizado em outubro, na aldeia Sete Estrelas, no Alto Rio Tejo, onde estudaram seu possível território. Eles clamam pelo direito a demarcação das terras, e o que mais querem é poder cuidar e proteger a floresta dos cariús (forma como eles se referem aos não-índios).

Este povo é o tema do 31º fascículo do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA). “Kuntanawa do Alto Rio Tejo” mostra de uma forma bem simples ao leitor a história e luta social desse povo. As páginas revelam a vontade deste povo de resgatar sua cultura, tradições e a retomada de rituais com a bebida ancestral ayahuasca, que eles consideram como “um grande professor”.

O fascículo será lançado esta terça-feira (4), às 19 horas no anfiteatro Garibaldi Brasil - UFAC. O evento contará com a participação de Haru Xiña (Liderança do povo Kuntanawa), Mariana Ciavatta Pantoja, da CFCH/UFAC, Terri Vale de Aquino do PNCS, Marcelo Piedrafita, do Museu Nacional/UFRJ, e Francisco Pianko, assessor especial de assuntos indígenas.

fonte: bibliotecadafloresta.ac.gov.br

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